Entre Atlântico e Mediterrâneo: a cidade de Tanger como movimento e as paisagens da teoria

Ottmar Ette

Resumo


Tânger é uma cidade que se pode considerar tanto como movimento como em movimento. Situada na intersecção de rotas, é um
lugar de trânsito. Mas, como nenhuma outra cidade nas encruzilhadas de movimentos transcontinentais atuais e passados, Tânger
se transformou em símbolo do movimento em si: do trânsito do conhecimento e sua vetorialidade. Em sua história e mito, Tânger
não é territorial, mas sim vetorial: Tânger é trânsito. A partir das histórias do século XIV de Ibn Battūta, o peregrino mais famoso
do mundo árabe, Tânger se transformará no ponto de partida de uma viagem que, induzida pela nostalgia e saudade, se estende
para além de Meca e Medina. Tânger significa ao mesmo tempo origem e procedência, ideia que se mantem viva na consciência do
leitor. Suas narrativas nos proporcionam dados fundamentais de uma convivência das culturas, um saber com/viver, e contribuíram
em grande medida com tal saber, fundamental para organizar uma convivência em paz e diferença. Posteriormente, no século XX,
Severo Sarduy e Roland Barthes apresentaram outras perspectivas da história e do mito de Tânger no sentido de vetorialidade,
como continuidade dos escritos de Ibn Battūta. A partir de suas experiencias se falará de Tanger Transit – e se formulará a pergunta,
por quê vias e canais vetoriais é possível considerar um lugar arcaico, um lugar mítico, um lugar literário em movimento, a partir
do movimento e como movimento. Trataremos de descobrir de que modo se pode substituir uma história do espaço por uma do
movimento para poder desenvolver não apenas lógicas do móvel, mas também lógicas móveis e polilógicas que não se encontram
ancoradas em sistemas de referência estáticos.

Palavras-chave


Tánger; poéticas do movimento; literatura entre-mundos; estudos transareais; movimento vetorial.

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