ESBOÇO DE UMA IDENTIDADE TRANS NO SÉCULO XIX: LA FILLE MANQUÉE, DE HAN RYNER

Régis Mikail Abud Filho

Resumo


Como a identidade trans era representada na ficção durante a passagem do século XIX para o século XX? A literatura científica e os modelos de sexualidade sequer a reconheciam, limitando-a à categoria de “homossexual”. O romance La Fille manquée (1903), de Han Ryner, questiona essas teorias ao ressaltar a complexidade da natureza e da sexualidade humanas. Sob esse escopo, propomos uma interpretação da protagonista François (“a menina falhada” do título, termo atribuído ao homossexual masculino) e de seu sofrimento como incapacidade em assumir plenamente sua identidade feminina, indicada em vários pontos da narrativa. Para tal, recorremos aos discursos (pseudo)científicos do século XIX, então em voga, e a estudos de Freud, notadamente sobre Da Vinci e o conceito de narcisismo, considerando a estrutura do romance, a construção da personagem e o contexto literário da época.

Palavras-chave


identidade trans; literatura científica; homossexualidade; século XIX; Freud; narcisismo

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