Editorial
Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha[1]
[1]Professora da Universidade Federal de Uberlândia, Vice-Presidente da ABRALIC
Neste número especial da Revista Brasileira de Literatura Comparada o leitor encontrará artigos selecionados, derivados de intervenções e conferências no Congresso Internacional 2018 da Associação Brasileira de Literatura Comparada, realizado na Universidade Federal de Uberlândia, de 30/07/2018 a 03/08/2018.
Tais artigos representam vozes interativas que pelas textualidades literárias e as múltiplas linguagens contempladas pela arte enxergam pelo olhar do Outro, trocam impressões e saberes, em uma mostra da supremacia e da relação entre temas, díspares e pares, mas afinados que, ao mesmo tempo, projetam na escritura e na experiência revisitada, imagens, ideias, desenhando uma convivência frutífera e instigante, que marca os projetos de uma sensibilidade contemporânea.
Reinventar a literatura é um exercício de considerar o Outro, na sua heterogeneidade, nas suas narrativas, na sua figuração; é, ainda, observar as coletividades e comunidades do mundo globalizado, compreendendo as marcas de tempo e espaço, os trânsitos migratórios e suas reconfigurações no mundo contemporâneo. Constrói-se assim um vínculo ético que favorece a abertura ao Outro mas também uma valorização da sua própria diferença como elemento de cultura e de identidade.
Nosso propósito, com esse número da Revista de Literatura Comparada, se concentra e se repete pelo privilégio de compartilhar a relação entre crítica e criação, traduzida pelo uso do termo linguagem no seu sentido mais amplo: o uso da linguagem por grupos sociais e étnicos como vetores da literatura, a linguagem dos temas e dos discursos, a linguagem como sujeito literário, a linguagem como expressão de problemas centrais e ideias negociadas nas várias literaturas do mundo, e até mesmo em seu sentido metafórico, como "línguas" de estilos e formas.
Como um código infinito, com constante necessidade de decodificação, o sistema internacional de sinais da literatura reproduz permanentemente o mito babélico da confusão das línguas, definindo novas tarefas para a humanidade multilíngue que busca, incansavelmente, chegar a um acordo de convivência com a literatura e suas críticas.
É, portanto, com esse espírito – tecido e diálogo com as múltiplas identidades e textualidades da experiência sensível contemporânea – que oferecemos essa leitura que, de uma certa forma, resume o tema do Congresso Uberlândia/MG, Circulação, tramas e sentidos na Literatura.
Esperamos, com esse objetivo, que os diálogos e interações entre os múltiplos sujeitos circulem e ganhem visibilidade nas reflexões, tramas e sentidos sempre revisitados na Literatura, pela Literatura e pelo espaço de trânsito plural que o homem percorre e dimensiona.
Finalmente, confiamos que os projetos e as ideias que fortaleçam a pesquisa, as múltiplas linguagens e a reflexão, se encontrem no dinamismo da construção do conhecimento e nas relações múltiplas de um olhar sobre o mundo contemporâneo.
Boa leitura!
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