TRANS/IDENTIDADES: LITERATURA, CINEMA E OUTRAS ARTES EM PERSPECTIVA COMPARADA

Anselmo Peres Alós, Amara Moira, Adauto Locatelli Tauffer

Resumo


O jovem século XXI inicia-se com uma abertura sem precedentes para a discussão de gênero, raça/etnia, classe e sexualidade, seja na academia, seja nos movimentos sociais. Veja-se, a título de exemplo, trabalhos como os de Susan Stryker (Transgender History: the roots of today's revolution, 2017), Sally Hines (TransForming Gender, 2007), Judith Halberstam (In a a Queer Time and Place: transgender bodies, subcultural lives, 2005) e Aren Z. Aizura (Mobile Subjects: transnational imaginaries of gender reassignment, 2018). Nesse cenário, a emersão do ativismo, do pensamento e da autoria trans surge como um lugar epistêmico privilegiado para se pensar/problematizar tanto os regimes de representação quanto a autoria trans (termo aglutinador para as identidades travesti, transexual, transgênera, e não binária e, muitas vezes, também para a identidade intersexual). Os estudos de literatura comparada não estiveram alheios à crítica feminista, aos estudos gays e lésbicos e aos influxos da teoria queer, e vêm mostrando hospitalidade às discussões de como o campo da cultura tem lidado com as transformações e subversões da gramática simbólica (gramática essa que ainda hoje se mostra acumpliciada a regimes hetero- e cisnormativos no que tange aos campos de produção e de circulação de capital cultural). Como diferentes discursos artísticos têm representado as identidades trans ao longo da história? Como artistas e escritoras/es trans têm feito dos discursos artísticos e literários loci privilegiados para a contestação das normas de gênero e de sexualidade? Que tipo de coalizão pode emergir do encontro das discussões do pensamento trans com outros campos, como os estudos de classe, raça e etnia? Que travessias teóricas, temáticas e conceituais emergem quando o pensamento trans encontra-se/confronta-se com os feminismos, os estudos de gênero e a teoria queer? Essas são algumas das perguntas norteadoras que, a título de provocação, nortearam a construção deste número temático da Revista brasileira de literatura comparada.

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