ABIONAN E EXU SE ENCONTRAM NO MEIO DO CAMINHO: O DESDOBRAMENTO DO ROMANCE EM TRILOGIA, EM ANTONIO OLINTO

Luís Henrique da Silva Novais

Resumo


Este trabalho investiga os mecanismos que, a partir de uma exigência interna da linguagem narrativa olintiana, operam o desdobramento do romance em trilogia, resultando na série literária Alma da África. Buscou-se, seguindo a trilha indicada por Pereira (2017) e Sodré (2017), aproximação teórico-crítica entre a operação da dobra (Deleuze, 1991) e elementos específicos da mitologia e da cultura iorubá, fortemente presentes na trilogia. Foi analisado o modo como se estrutura a relação entre os três romances, partindo da função desempenhada pelo segundo livro, O rei de Keto (Olinto, 2007b). Com isso, considerando particularmente as conexões entre a protagonista Abionan e o Orixá Exu (Prandi, 2020) (Verger, 2018), identificou-se uma economia narrativa pautada pelos princípios de ambivalência, repetição e expansão responsáveis, entre outras coisas, pela afirmação de certa experiência existencial relativa à visão de mundo iorubá. Tais princípios, que as figuras de Exu e de Abionan condensam especialmente, promovem a força expansiva da linguagem narrativa olintiana. Tal efeito é verificado, por exemplo, na sintaxe da frase, onde a opção pela vírgula, em vez do ponto final, demanda continuidade; mas também na ampla sintaxe da trilogia, na qual sobretudo o segundo livro se comporta como romance-vírgula, abrindo espaço para a expansão da forma romanesca.


Palavras-chave


Antonio Olinto; Alma da África; trilogia; Exu; dobra.

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