CINEMA, UMA MÍDIA ANTIGA? IMAGENS LENTAS E NARRATIVA LENTA EM POINT OMEGA DE DON DELILLO
Resumo
Na primeira seção deste artigo, apresento o conceito de cineficção que caracteriza a relação performativa entre literatura e cinema. Numa segunda parte, proponho uma análise cinematográfica de Point Omega (2010) de Don DeLillo para mostrar como o romance prolonga as imagens em câmera lenta de 24 Hour Psycho (1993) de Douglas Gordon. Esta análise retoma a noção de “remake” que Sébastien Rongier desenvolveu em seu livro Cinématière (2015), para aplicá-la às artes e à literatura que estabelece um diálogo com o cinema. Neste sentido, conceberei Point Omega como um remake de um remake. Agora, em vez de caraterizar o aspecto poético da lentidão na narrativa de DeLillo a partir de uma concepção literária da poesia (disposição das palavras na página, lirismo, etc.) como fazem alguns dos seus comentadores, proponho considerá-lo a partir das concepções poéticas do cinema desenvolvidas por Jean Epstein e Pier Paolo Pasolini.
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